No Baú da Proluz
Jávier Godinho
[Texto retirado do Notícias Proluz edição n°61, ANO X, publicado em 2012]
Muitos ainda não compreendem e afirmam que os ensinamentos de Jesus estão hoje fora da realidade, inadequados ao nosso tempo, depois de dois mil anos de desgaste. Ledo engano. Gibran Khalil, no seu livro Jesus, o Filho do Homem, o chamou de “O Prático”. Tudo que o Mestre disse e exemplificou tem aplicação prática, atualíssima e compensadora.
Cientificamente, então, o Nazareno, de quem se sabe que nunca frequentou escola quanto mais universidade, acertou tudo. Analise o gentil leitor, por exemplo, as observações contidas nestas considerações de Emmanuel e Francisco Cândido Xavier:
“Hoje, sabe a física que a luz é uma forma de energia e que todas as coisas criadas são composições energéticas, vibrando em ondas características. Disse o Cristo: “Fazei brilhar a vossa luz”. Começam a magnetologia e a hipnose, na chamada Terapia de Vidas Passadas – TVP, a provar cientificamente a reencarnação. Elucidou o Senhor: “Necessário vos é nascer de novo”.
Conclui a medicina que o homem precisa desembaraçar-se de tudo que lhe possa constituir motivo à cólera ou tensão, em favor do próprio equilíbrio. Ensinou Jesus, por fórmula de paz e proteção terapêutica: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem e caluniam”.
Frisa a psicanálise que todo desejo reprimido marca a personalidade, à feição de recalque. Aclarou o Divino Mestre: “Não é o que entra na boca do homem o que realmente lhe faz mal, mas o que sai do coração”.
A penalogia transforma os antigos cárceres de tortura em escolas de educação e de reajuste. Proclamou o Eterno Amigo: “Misericórdia quero e não sacrifício, porque os sãos não necessitam de médico”.
A sociologia preceitua o trabalho para cada um, na comunidade, como simples dever. Informou Jesus: “Quem dentre vós quiser ser o maior, seja o servo de todos”.
A política de ordem superior exige absoluta independência entre o estado e as crenças do povo. Falou o Cristo: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.
A astronáutica examina o campo físico da Lua e dirige a atenção para a vida material em outros planetas. Anunciou o Mestre dos Mestres: “A casa de meu Pai tem muitas moradas”.
A unidade religiosa caminha gradativamente para o culto de assistência social e da oração, acima dos templos de pedra. Asseverou o Emissário Sublime:
“Nossos antepassados reverenciavam a Deus no alto dos montes, e dizeis agora que Jerusalém é o lugar adequado a isso, mas tempos virão quando os verdadeiros religiosos adorarão a Deus em espírito, porque o Pai procura os que assim O procuram”.
A navegação rápida e a aviação, o telefone e o rádio, o cinema, a televisão e a internet, apesar das faixas de sombra espiritual que por enquanto lhes obscurecem os serviços, indicam a todos os povos um só caminho – a fraternidade. Recomendou o Senhor:
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Eis porque a Doutrina Espírita nos reconduz ao Evangelho em sua primitiva simplicidade, porquanto somente assim compreenderemos, ante a imensa evolução científica do homem terrestre, que o Cristo é o Sol Moral do mundo, a brilhar mais intensamente amanhã”.
Em Mateus, 17: 24 encontramos o convite de Cristo: “Se alguém quiser vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. A propósito, na sua obra De Alma para Alma, conta o filósofo e educador Huberto Rohden que andavam os filósofos
gentios em busca do elixir da vida, os alquimistas medievais em busca do segredo do ouro, os sábios de todos os tempos em busca da pedra filosofal.
“E não sabeis vós, inquietos bandeirantes, que, há muito, foi descoberto o talismã que buscais?” – indaga ele e prossegue. Até hoje, andam os homens de todos os dias em busca da felicidade perene. A fórmula mágica da ciência e da vida, o poderoso elixir de indefectível juventude e felicidade, contudo, existe há dois mil anos. E não foi Aristóteles nem Platão, não foi Sócrates nem Sêneca que tal prodígio descobriram. Não foi sábio nem estadista, não foi poeta nem general que elucidou o grande mistério.
Foi um simples aprendiz de carpintaria, que nem nome parecia ter – o “filho do carpinteiro”, como dizia o povo. Homem que nunca se sentou em banco escolar. Homem que não se formou em ciências e artes. Homem que não frequentou academia nem curso filosófico.
“Tenho diante de mim a fórmula singela que esse homem elaborou” – revela. É a fórmula que resolve todos os problemas daqui e de além-túmulo, que diz tudo que os sábios não disseram, que faz suportar os mais pesados fardos – até o próprio ego, que faz nascer auroras em pleno ocaso, que ensina a encontrar pérolas de sorriso no mais profundo oceano de lágrimas, que descortina alvejantes berços de vida onde os homens só enxergam negros ataúdes mortuários.
“É tão singela essa fórmula descoberta pelo filho do carpinteiro que o mais simples dos homens a pode aplicar. Compõe-se de dois traços apenas, um vertical e outro horizontal. Unindo em ângulo reto essas duas barras que da oficina trouxe o carpinteiro de Nazaré, tem-se a chave que abre todos os segredos da vida e da morte” – preconiza Rohden que, durante dois anos, na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, foi colega de cátedra de Albert Einstein, pai da Teoria da Relatividade, considerado o homem mais inteligente do século 20.
E são assim os apontamentos finais da sua lógica, paradoxalmente profunda e muito simples:
“Lança-se ao céu a haste vertical bradando: amor divino. Alarga-se pela terra a trave horizontal, clamando: humana caridade. Não é a cruz uma espada com a lâmina para baixo, renúncia a todos os tipos de violência, condição primordial para o estabelecimento do amor, da compreensão, do perdão e da paz? À luz desse símbolo, resolvo todos os problemas da vida e da morte. À mão dessa fórmula mágica descerro todas as portas, compreendendo, perdoando, amando, sofrendo, calando, ao pé da cruz”.